Campanha "Agosto Lilás" chama atenção para a violência contra a mulher
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O cenário é cada vez mais preocupante, como o caso do assassinato de Marielle e de estupros no município
Diante do cenário de violência no Brasil, uma Audiência Pública que será realizada nesta quinta-feira (22), às 19h, na Câmara de Dourados questiona "o que é ser mulher em Mato Grosso do Sul". A abordagem seguirá a linha da violência contra a saúde e a cultura do estupro. A proposição é do vereador Elias Ishy (PT) com a participação do Movimento Popular de Mulheres.
Isso porque o Estado é um dos maiores consumidores de agrotóxico no país, com uma média de consumo de 40 litros por pessoa, seis vezes mais que a média nacional, que é de sete litros, segundo o Indea (Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso). O que significa, de acordo com a Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), sérios riscos aos habitantes, principalmente as mulheres, quanto à infertilidade, problemas com hormônios, endometriose, câncer e até mesmo aborto.
Além disso, MS tem a maior taxa de estupros e violência contra a mulher do país, de acordo com o levantamento do 11º Anuário de Segurança Pública. Em Dourados, está sendo investigado um estupro de uma jovem acadêmica e, em alguns comentários nas redes sociais é percebível a "Cultura do estupro", termo usado para abordar essas maneiras em que a sociedade culpa as vítimas de assédio sexual e normaliza o comportamento sexual violento dos homens.
Os índices do país são alarmantes. A cada dois segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal e doze mulheres são assassinadas todos os dias a cada duas horas, em média. O caso da vereadora Marielle Franco (RJ) é um exemplo disso. "Mulher negra, cria da Maré e defensora dos Direitos Humanos", como se descrevia, foi assassinada neste mês. Ela questionava, inclusive, a falta de representação feminina na vida política. "Que isso não seja uma intimidação a voz das mulheres", afirma Ishy.
Em 2017 foram 27 casos feminicídios (assassinato de mulheres em contextos marcados pela desigualdade de gênero) no MS. Apesar disso, ainda falta de padronização e de registros que atrapalham o monitoramento. São também mais de 19 mil casos de violência doméstica, de acordo com informações do Relatório de Fatos por Município da Polícia Civil.
Para falar sobre o tema, a Audiência contará com as apresentações de Sandra Procópio da Silva, que é doutoranda em Geografia e professora da Licenciatura em Educação do Campo na Faculdade Intercultural Indígena (FAIND)/UFGD, bem como Maria de Lourdes Dutra, doutora em Saúde Coletiva, pesquisadora da violência contra as mulheres e professora da Unigran, além de Estela Márcia Rondina Scandola, doutora em Serviço Social, membro da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e professora da Escola de Saúde Pública – ESP/MS.
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