Camila Pitanga critica machismo: "a gente precisa avançar"
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Antes de decidir o que faria com a embaúba, Camila tentou de tudo: fez chá, suco e encontrou a saída para o projeto numa pomada cicatrizante.
Há 4 anos Camila Agone estudava na escola estadual com os piores índices de Santo André, no ABC Paulista: a E.E. Jardim Riviera, na periferia da cidade.
Ela se inscreveu em uma eletiva de pré-iniciação científica e como parte das tarefas da aula eletiva, os alunos precisavam desenvolvem um projeto pessoal, com a ajuda dos professores.
Sem ideias do que fazer, Camila conta que caminhou pelas ruas do bairro onde morava, pensativa, e, sem querer, encontrou algo que chamou sua atenção: uma árvore chamada embaúba.
“Quando cheguei em casa e pesquisei sobre ela na internet, não encontrei nada a respeito, nem mesmo o mapeamento das propriedades farmacológicas da planta.
A única coisa que eu sabia era que a embaúba poderia ter função cicatrizante. Ouvi isso das pessoas mais velhas. É parte da sabedoria popular da região”, disse ela.
Camila caiu de cabeça na pesquisa no laboratório da escola pública.
Com a ajuda de professores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a estudante mapeou as propriedades farmacológicas da embaúba e comprovou que a planta tem potencial cicatrizante.
Antes de decidir o que faria com a embaúba, Camila tentou de tudo: fez chá, suco e encontrou a saída para o projeto numa pomada cicatrizante.
“O chá era muito ruim, o suco tinha uma aparência horrível e duvido que alguém experimentaria, então resgatei as histórias de propriedades cicatrizantes da embaúba que cresci ouvindo e decidi investir na pomada. Deu certo”, resume Camila.
Depois de dois anos e meio de pesquisa e de testes, a estudante concluiu o projeto.
Prêmios
Ela ganhou prêmios, expôs o produto que criou em diversas feiras científicas, como I Feira de Ciências do Ensino Integral e Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), organizada pela USP, e teve a oportunidade de publicar seu próprio artigo científico, baseado na pesquisa que fez.
“Eu não esperava conseguir o que consegui, chegar aonde cheguei. As pessoas têm sonhos, mas, infelizmente, param de investir neles, pensam que tudo é muito difícil, que nunca irão conseguir. No começo, pensei assim, mas decidi que, se eu estabeleci um objetivo, devia ir até o fim”, conta Camila.
Hoje, a jovem cientista mudou de área. Ela estuda Engenharia de Energia na Universidade Federal do ABC(UFACB).
“Pesou muito em minha escolha a ideia de ajudar a melhorar o setor de energia do Brasil. Temos uma matriz energética fraca para um país tão amplo e aproveitamos muito mal as fontes de energia renováveis, por exemplo. Quero estudar para, no futuro, poder me envolver em algo que tenha impacto na vida das pessoas. No fim das contas, é isso que vale a pena”, declara a estudante.
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