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Benilda Kadiwéu é uma das coautoras de livro que venceu na categoria ‘Fomento à Leitura’ do Prêmio Jabuti 2023
Quando precisou deixar a aldeia Alves de Barros, em Porto Murtinho, Examelexê, a Benilda Kadiwéu, não imaginava que receberia a maior premiação de literatura do Brasil ao lado de outras 62 mulheres indígenas anos depois. Destaque nacional, a artista, designer e professora indígena de Mato Grosso do Sul garantiu o prêmio como coautora da obra literária “Álbum Guerreiras da Ancestralidade”, organizada por Eva Potiguara.
“Fui apresentada para Eva pela Auritha Tabajara, indígena cearense, escritora e cordelista. A Eva pediu para olhar meus poemas, escolheu dois e me disse que eu estava apta para participar do grupo. Revisei os poemas e enviei, deu esse resultado lindo do coletivo”, introduz Bení sobre como se conectou ao grupo organizado por Eva.
Mais do que vencer o prêmio sozinha, ela reforça que ter conquistado essa vitória em um coletivo com outras mulheres é o grande destaque. “Ganhar o Prêmio Jabuti em coletivo é uma alegria imensa, esse prêmio tão desejado é o mais tradicional prêmio literário do Brasil, concedido com o interesse de premiar autores, editores e ilustradores”.
Em relação aos poemas escolhidos por ela para integrar o álbum, Benilda detalha que a primeira opção veio em sonho, “acordei já com a caneta na mão para transcrever. E a maioria dos poemas escreve sobre a minha vivência e a história do meu povo Ejiwajegi, símbolo de defesa e luta”.
Definido como um álbum biográfico, o livro do coletivo Mulherio das Letras Indígenas reúne escritoras e poetas indígenas de várias regiões do país. “Este trabalho sintetiza o entrelaçamento de trajetórias das poetas indígenas ao tecer não apenas as trajetórias individuais, mas também as narrativas históricas, raízes, ancestralidades, desafios, conflitos e vitórias que moldam a vida pessoal e coletiva nos territórios indígenas e nas cidades”, apresenta a assessoria de comunicação da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).
Especificamente sobre a categoria em que o livro concorreu, o destaque é para obras que despertem o interesse e hábito da leitura, tendo cunho de caráter social, educativo, cultural ou tecnológico, sendo inclusivas e abrangentes.
Em sua participação no livro, Benilda resgata memórias construídas na aldeia Alves de Barros, localizada em Porto Murtinho. Lá, ela narra sobre seu nome de batismo, as práticas tradicionais que a constituíram e a transição forçada para a cidade.
“Quando ainda era criança, recebi uma homenagem dos meus avós paternos, batizada com o nome Examelexê, que na tradução: ‘é uma cantoria que relembra a história de luta pela sobrevivência das famílias ejiwajegi, na proteção das terras, em corpo e espírito’”, introduz a artista.
Enquanto permaneceu na aldeia, Benilda garante que vivenciou vários modos de se conectar à arte e cultura kadiwéu. “Com a confecção das miniaturas em cerâmica, feitas a partir de barro e argila, com pigmentos naturais e algumas seivas retiradas na natureza na fabricação da resina a partir do Palo Santo”.
A retirada do mel de abelhas, busca por jenipapo e colheita de urucum para que os mais velhos pudessem praticar as pinturas também integram as experiências relatadas no livro. E, quando chegou o momento de se mudar para a cidade e continuar os estudos no ensino fundamental, Benilda explica que o contato com a arte se fortaleceu enquanto sua língua indígena precisava ficar em segundo plano.
“Foi um desafio muito grande voltar a escrever na língua kadiwéu, comecei a traduzir poemas, me inspirar e fazer poesias na língua indígena kadiwéu. A arte e a poesia foram importantes para o fortalecimento da minha identidade, ampliaram a visão de mundo das pessoas e o respeito ao meu redor, foi um espaço de expressão e participação dos outros”.
Desde então, Benilda recebeu o título para dar aulas em escolas indígenas e se formou como designer pela UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) em 2009. Hoje, reforça que usa o etnodesign para compartilhar aspectos da cultura kadiwéu.
“Provocar a reflexão sobre o universo simbólico da arte kadiwéu é respeitar seus significados, elemento relevante da cultura do meu povo guerreiro”, completa em sua biografia no livro.
Para integrar o álbum biográfico, a artista submeteu os poemas “Godamipi” (Nossos Ancestrais” e “Apolicagademigipi” (Cavaleiros) e a frase “Godicogegi Ane Niigotedi Godampi” (Somos feitos da terra de nossos ancestrais).
A oportunidade foi muito grande e eu honrei o convite, pois escrevo poemas desde o ensino fundamental. Não iremos parar por aqui. A relação do indígena com natureza, arte e espiritualidade é muito forte e isso me traz muitas inspirações, explica a escritora.
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